1. Introdução.

  • O descrédito da Igreja Católica. No começo do terceiro milénio, o Cristianismo enfrenta uma profunda crise na cultura ocidental, onde a sua pretensão de possuir a verdade não só não parece convencer como atrai sobre a sua pretensa arrogância intelectual alguma desconfiança e hostilidade. Na realidade, não parece possível que o ser humano conheça a verdade sobre Deus, nem muito menos razoável que alguém, ou algum grupo religioso, pretenda possuir toda a verdade. Nesse propósito de impor uma visão particular como se fosse a totalidade da realidade, a Igreja Católica estaria a agir de uma forma néscia e particularmente intolerante em relação a todas as outras expressões religiosas.

  • Do cepticismo científico ao simbolismo cristão. O cepticismo moderno parece confirmado pela ciência: a teoria da evolução desautorizou a doutrina da criação, como também o conhecimento acerca da origem do homem superou a questão do pecado original. Também na teologia se realizaram algumas modificações de grande alcance: uma certa exegese «católica» reviu e relativizou a figura de Jesus e considera duvidosa a fundação da Igreja pelo próprio Cristo, ao contrário do que durante vinte séculos se disse e pacificamente aceitou.

    A consequência da desmontagem científica da fé cristã é a sua redução ao nível de uma mera simbologia, um conjunto de mitos que não admitem qualquer tipo de leitura ou interpretação científica. A religião católica não seria mais do que uma forma de experiência religiosa, a par de muitas outras: uma singular expressão do sentimento religioso universal.

    Um paladino desta visão da Igreja Católica é Ernst Troeltsch, que considera o Cristianismo como o perfil europeu do rosto de Deus. Proclama também a impossibilidade de conhecer os mistérios divinos. Por este motivo, também não é possível comparar as diversas religiões: para atestar a qualidade de uma reprodução é preciso conhecer o modelo, mas como ninguém conhece Deus, ninguém pode também dizer qual a religião que melhor compreende o Criador.

  • Conclusão. A estas críticas, há que replicar dizendo que não é crível que o homem não possa conhecer o que lhe é essencial. Faz todo o sentido, por isso, a pergunta sobre a verdade do Cristianismo.

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