3. O relativismo teológico e as suas implicações cristológicas.

  • A fundamentação filosófica do relativismo teológico. O relativismo teológico é uma derivação de um certo cepticismo de matriz kantiana: na medida em que a realidade em si mesma nunca pode ser conhecida enquanto tal, todo o conhecimento se resolve na sua manifestação. Aplicado à teologia, o relativismo nega a possibilidade de um verdadeiro conhecimento de Deus que, enquanto o absolutamente Outro, não pode ser de nenhum modo conhecido ou abarcado pela inteligência humana. Neste mesmo sentido, Jesus Cristo não pode ser entendido senão de uma forma também relativista, ou seja, não é o Deus vivo, a realidade de Deus presente no mundo dos homens, mas uma mera manifestação do divino, aliás análoga a outras expressões igualmente válidas, como seriam os fundadores das outras grandes religiões. Qualquer pretensão dogmática ou afirmação da divindade de Cristo resulta fundamentalista e um ataque ao espírito moderno, que é de diálogo e de tolerância. Fica também excluída a priori a possibilidade do apostolado ou da missão, na medida em que todas as atitudes religiosas seriam equiparáveis, pelo que não faria sentido promover a conversão.

  • Crítica. Mais uma vez importa sublinhar que não se pode confundir o plano objectivo com o subjectivo: o respeito por todas as crenças não pode implicar uma indiferença em relação aos seus conteúdos respectivos. Por outro lado, a pretensão dogmática da religião católica decorre da revelação: se é verdade que o ser humano não tem capacidade de por si mesmo conhecer a essência divina, também é certo que o próprio Deus se pode revelar ao homem e este conhecimento, na medida em que não é humano mas divino, constitui uma verdade absoluta.

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