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Resposta a questão sobre a relação entre fé e razão
Pergunta: A verdade está estritamente relacionada com a razão que está estritamente relacionada com a fé. Assim, quanto maior a nossa fé, maior a nossa razão (entendimento) para alcançar a verdade.
Resposta:Embora se possa, em termos muito gerais, aceitar a relação que estabelece entre fé e razão, convém contudo fazer algumas distinções porque, de outro modo, poder-se-ia supor que existe uma correspondência directa entre esses dois níveis de conhecimento, o que não é correcto.
Ou seja, se é verdade que a fé é um conhecimento sobrenatural que potencia a razão e que, por sua vez, a excelência da razão favorece o esclarecimento da fé, não se pode contudo afirmar que quanto maior for a fé, maior será também a razão e maior também a capacidade de conhecer a realidade, isto é, de chegar à verdade. Na realidade, não nos podemos esquecer que estamos ante dois diferentes níveis de conhecimento e, por isso, a implicação entre ambos é relativa. Um exemplo: pode-se compreender que quem saiba muitas línguas esteja especialmente habilitado para conhecer mais uma; mas seria despropositado afirmar que o poliglota, por esta razão, tem também mais aptidões musicais ou desportivas.
Por outro lado, todos os crentes têm a mesma fé: o teólogo não tem mais fé do que a criança recém-baptizada, muito embora possa ter uma fé mais esclarecida ou, se se quiser, mais explícita. Neste sentido também, o crente do século XXI não tem mais fé do que os primeiros discípulos, na realidade não acredita em mais coisas do que as que aquelas em que aqueles seus irmãos acreditaram, ainda que o fiel actual esteja mais capacitado para compreender melhor a sua fé, que é objectivamente a mesma de todos os outros crentes.
Uma última advertência: se é verdade que a fé esclarece a razão e, nesse sentido, o crente possui um conhecimento mais verdadeiro do que o não-crente, é preciso também ter em conta que a mais-valia do conhecimento sobrenatural não se situa ao nível científico mas transcendente. Com efeito, o cientista que é também um homem de fé, pelo facto de o ser, não sabe mais da sua ciência do que o cientista não-crente, porque a sua fé não acresce o seu conhecimento científico, precisamente por se situar noutro nível. Assim, o biólogo cristão não sabe necessariamente mais biologia do que o biólogo agnóstico, embora o primeiro, por via da sua fé, possa conhecer o sentido e razão transcendente da vida humana, por exemplo, que o agnóstico obviamente desconhece.
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