5. Ortodoxia e ortopraxis.

  • A superação do dogma na praxis. Quando se fala em religião, tende-se a entender uma determinada doutrina ou ortodoxia: um conjunto de princípios a que se atribui uma eficácia transcendente. Contudo, para o relativismo, a religião não é sobretudo nem principalmente uma teoria, mas uma atitude, um modo de estar na vida. Neste sentido, as religiões orientais, que não conhecem uma determinada ortodoxia, um credo que se professa, mas na prescrição de uns actos rituais a que se obrigam os crentes. O homem religioso, para os asiáticos, é por isso o homem manso, humilde, caridoso, etc., qualquer que sejam as suas convicções acerca do divino ou da vida eterna. Traduzidos estes conceitos para a modernidade, segundo os princípios do relativismo, exigir-se-ia ao homem religioso moderno uma atitude de tolerância e de respeito pela liberdade, sem contudo definir os limites dessa tolerância ou o fundamento último dessa mesma liberdade.

  • Crítica da religião como ortopraxis. É verdade que nenhuma religião se afirma apenas com princípios teóricos, mas também é verdade que a prática religiosa pressupõe uns determinados princípios doutrinais de ordem teológica e moral. Reduzir a religião a uma mera atitude comportamental é relegá-la ao âmbito das convenções sociais e negar a sua especificidade enquanto entendimento do divino e prática da salvação. Por último, a tolerância bem como a liberdade, não obstante o seu valor intrínseco, carecem uma fundamentação, sem a qual não é sequer possível a sua implementação.

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